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Re: ATROPELAR
Eu esperava um texto seu....e como “castigo” agora tento organizar esta tempestade de palavras e sentimentos que caem sobre minha cabeça. Há muito aqui escrito...sua comparação com carros e atropelamento, com o trânsito do dia a dia é sensacional. Assim como há diferentes motoristas há diferentes atropelados e seria impossível aqui falar de cada um na forma que imagino. Cometemos erros, muitos e cometeremos mais, não há dúvida disso, mas em algum momento as coisas mudam, a partir de um determinado instante (geralmente causado por alguma dor) começamos a ver o mundo com outros olhos e percebemos o tamanho de nosso erro, quanta dor, quantos ferimentos se abriram por nossa irresponsabilidade. Chega o arrependimento....amanhece a determinação de Caminhar em outra direção. Mas se arrepender não se resume a duas ou três palavras, se arrepender implica em reconhecer o erro, pedir desculpas, retratar-se de alguma forma e ter a atitude de não mais comete-lo, e isso não é fácil, tenha certeza...mas sei que muitos não chegaram a esse ponto, cada um em seu tempo físico e espiritual. Já estivemos nos dois lados, acidentados e causadores, e não há vítimas aqui, posso lhe falar isso com muita serenidade...causa e efeito.
Quando você fala naqueles que tem medo de ferir novamente, um texto que escrevi me vem latejando. Perdoe-me por trazer um trecho de “ Por entre lobos e estrelas”: Mas onde estão os lobos? Eles sabem bem disso No seu enorme amor Se lançam de encontro Mas esquecem que suas garras causam dor Fazem sangrar Tornam-se impróprios E uivam solitários na direção das estrelas Simplesmente porque não sabem abraçar E erram e machucam e de novo e mais uma vez Quem disse que os lobos não sabem amar? Mas eles machucam... Talvez não saibam Mas trazem a consciência dolorida E elevam seus olhos não à lua mas às Estrelas E retirando força do medo que tem Uivam para que elas os escutem...
Entende o que quero dizer?? Sei que sim... Você fala sobre os cacos, ah minha amiga...”..trago um outro trecho... "Quando os japoneses reparam objetos quebrados, eles enaltecem a área danificada preenchendo as fissuras com o ouro. Eles acreditam que, quando algo sofre um dano e tem uma história, torna-se mais bonito. A arte tradicional japonesa de reparação de cerâmica quebrada com um adesivo forte e spray, imediatamente após a cola, com pó de ouro, chama-se Kintsugi. O resultado é que as cerâmicas não são apenas reparadas mas tornam-se ainda mais fortes do que seu estado original. Em vez de tentar esconder as falhas e fissuras, estas são acentuadas e celebradas como as que se tornaram, agora, as partes mais fortes da peça.”
Eu sei que as marcas ficam e nos ensinam, mas precisamos aprender a perdoar de fato...não concordo com a frase que se fala por aí sobre a confiança perdida nunca poder ser recuperada, porque as pessoas mudam, crescem, amadurecem. Não não é fácil perdoar... Que paremos de procurar o amor de forma tão equivocada. Precisamos mudar quem somos, precisamos crescer, aí sim o amor começará a despontar junto aos raios de sol. Precisamos acima de tudo nos perdoar, mas nos perdoar de fato, sendo humildes, renunciando ao que exige nosso orgulho e vaidade, servindo aos que amamos. Isso não é teoria, não!! Diga quem quiser, existe amor, claro que sim, mas precisamos fazer melhor do que estamos fazendo... Começar de novo, sem dúvida!!! Cada vez que caímos, começamos de novo, e conseguiremos. “permitir-se ao "volante" com as cautelas da razão, lembrando que corações são frágeis...” me permita acrescentar ao lado da razão, serenidade, sensibilidade e dedicação. Minha querida Branca , não sei se consegui acalmar a tempestade, mas teu texto foi algo de único e maravilhoso. Fica com Deus. Perdoe-me pelo comentário tão longo....
PS : a música não foi esquecida e trouxe a nostalgia de velhos tempos....
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