Deixa que faça das Palavras beijos
E beijos de cada palavra que te escrevo
Deixa que as letras se cruzem entre si
Formando ideias e lamentos
Deixa que cada palavra seja um grito desesperado
Deixa as palavras serem mimos
Deixa que me encontre em ti
Quando já nada resta
A não ser a perdição
Lê mesmo nas palavras que não digo
Naquelas que inventei
Nas outras que não inventei, mas imagino
Lê nos silêncios sem palavras
Mas lê em cada palavra um beijo
Deixa que percorra o teu corpo de sabores e ânsias
Com lábios de palavras que são beijos
Deixa que sejam os lábios a serem palavras que não preciso escrever
Mas beijos,
Deixa que toda a liquidez de todo o meu ser
Te toque
Percorrendo cabelos, pernas de lavas quentes
Pernas sem palavras e desejos
Sem palavras
Beijos
Mergulho na tua doce boca, calando palavras
Buscando beijos de letras
De poemas sem poeta
De traços e sem desenho
De espumas de mar e palavras
Deixa que sejam os beijos as palavras
E que as palavras sejam beijos
Assim, posso tocar o teu corpo
Mergulhar nele,
Com lavas ardentes de desejos
E palavras que são afinal, beijos.
"Sou uma eterna apaixonada e uma saudosista inconformável"
(Poema escrito em Janeiro de 1986)
E.L
E.L.