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NÃO DÁ PARA NÃO LER

 
Tags:  SONETOS 2017  
 
NÃO DÁ PARA NÃO LER

Admito carecer de redundâncias
Para mais reforçar o que s'escreve.
A linguagem premia quem se atreve
E faz pensar narrando suas ânsias.

Agora mesmo, tonto em meio a errâncias,
Eu me permito olhar algo mais leve
Meus erros ou omissões como se deve,
Lhes vendo inusitadas concordâncias.

Escrevo investigando meu idioma
A ver que, rebuscado, se retoma
Das palavras o maior significado.

Pois negar duas vezes, mais que afirmar,
Destaca o que se quer enfatizar
Mais próximo do certo que do errado.

Betim - 18 03 2017


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
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RicardoC
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Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 18/03/2017 17:00  Atualizado: 18/03/2017 17:00
Usuário desde: 29/01/2015
Localidade: Betim - Minas Gerais - Brasil
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 Re: NÃO DÁ PARA NÃO LER
Obviamente, na Folha de São Paulo e seu antigo reclama.

Nos anos noventa, eu li o Manual de redação da Folha.

Eu escrevia e diagramava um tabloide da paróquia.

E o manual repetia a máxima (que é regra gramatical em língua inglesa) de que não se deve fazer duplas negações.

Aliás, em jornalismo se devia evitar frases negativas.

Anos depois, eles lançaram aquela campanha publicitária cujo mote era exatamente uma dupla negação.

FOLHA DE SÃO PAULO: NÃO DÁ PARA NÃO LER.

Percebei que, se seguíssemos a regra do manual, teríamos:

FOLHA DE SÃO PAULO: DÁ PARA LER.

Que é uma frase quase perjorativa.

A dupla negação se revelou outra coisa em língua portuguesa.

Ela enfatiza.

Esse soneto, quando publicado, talvez careça de uma nota de rodapé.

Só que, nesse caso, a frase do título é amplamente conhecida e não é minha.

Hesitei muito em utilizá-la, aliás.
Mas seria injusto não a reconhecer como inspiração.