Sonetos : 

Soneto da mais profunda desilisão

 
Soneto da mais profunda desilusão


E disse-lhe eu, cravando em seu olhar profundo,
O meu olhar opaco, que luz não refletia:
Por onde anda o amor que tu juraste um dia
Que seria só meu enquanto houvesse mundo?

Bem sei que vais partir, sinto-me um moribundo,
Que o estertor retém em sua garganta fria,
Que por ti tudo fez, e muito mais faria....
...nada disse; e eu quedei-me ali meditabundo.

Sentindo-me afundar como um gusano imundo
No Paul pestilento que escavei um dia,
Por crer que o amor profundo que existia

em mim, era apoiado em seu amor profundo,
Que se foi, e é hoje o pântano nauseabundo
Onde afogo minha vida, a paz, a alegria,


Mestre Egidio

 
Autor
mestre Egidio
 
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1682
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