O enforcado
O lento balançar do enforcado, com sua língua
exposta e preta
Explode como um parto roto,
explode na minha cabeça
e liquefaz-se em sons sem que o céu se entristeça.
Pedaços de frases desencontradas surgem na minha cabeça
O amargo espectro da morte
escorre por entre os seus lábios.
Que angustia forte é essa?
Que na minha alma transcende,
é o mal que aqui termina, onde o incerto começa
No limiar dos meus sentidos o eterno canto da morte
cantado em procissões de aflitos
e embora todos sufoquem o grito
é do grito que vem o silencio
e no silencio esta tudo aquilo que não é dito
Todas as loucuras que envolvem esta vida escondem realidades encardidas
difícil distinguir a mentira da verdade
e também a morte da vida
e por me deixar fazer o etéreo, ao desfazer eu desespero,
o meu erro não é nada incomum
mas
é o que faz bater meu coração em minhas mãos
descompassado e forte
tum tum tum tum.
Alexandre Montalvan