Falo desse povo novo
Que come lâmpadas
Que cospe fogo
Que não sabe o gosto de um bago
De feijão,
E sente essa dor da falta
E faço morar na zona
Sul da minha cabeça!
Quem pra onde ir não tem
Tem montanhas com ventos
De planícies de “fogo”,
Verdes planícies,
Todas de fogo,
Triste horizonte,
Que queimam,
Que sopram frio
No aço do meu coração!
Sou criança pegando fogo,
Não me venda,
não tenho preço,
Nada valho!
Homens que nem sabem do aço do meu coração:
Quando me moem!
Não sabem o frio da minha emoção:
Quanto me doem!
Não sabem nada de mim:
Assim que me roem!
Povo feliz, cidadão sem estrada,
Nesse circo divertindo a gente;
De graça?
É divertido viver aqui;
Vida alegre pesada a quilo na feira;
Já nasce sem saber direito;
Das mãos de uma parteira;
De uma barriga com fome.
Povo universal sem culpa!
José Veríssimo