Saudades…
Saudade da frescura da manhã,
do cheiro a alecrim,
a mel e da castanha,
a lagar, a jeropiga,
a trevo e hortelã…
Do comboio da linha da Lousã
a dançar nos carris
em busca de Coimbra ou de Serpins…
Dos corvos a gritar
por cima de olivais…
Das cotovias, mochos e pardais
a namorar as azeitonas
caídas no terraço…
Do passeio de carro matinal,
até à vila da Lousã,
do pingo quente do café da esquina,
café da D. Lúcia
que nos servia gentilmente,
com o rosto fresco de menina…
Saudades…
Saudades da festa caloreira
em que banhávamos,
os corpos encharcados de suor,
nas águas cristalinas,
de godos cinzentos,
do velho Rio Ceira…
Saudades das noites estreladas,
do canto das cigarras,
que vinham até mim,
das luzes distantes do Trevim…
Saudades da festa da Pégada,
da chanfana, arroz doce, tigelada…
Dos espantalhos erguidos nos trigais…
Saudades…
Saudade de ti,
de mim,
de tudo
que foi a nossa vida
em aventuras tais…
E tal como o comboio da Lousã
Não vão regressar mais!?
Maria Helena Amaro, novembro 2014
http://mariahelenaamaro.blogspot.pt/2017/03/saudades.html
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