Púrpuro ardente,
artificial,
armadilha por montar.
Sei dum grande gemido,
granulado,
gradual em parte de mim
que procuro;
provocação pura,
prodígio por alcançar.
Alma! - falaram-me -
alta e suturada...
sem saturação,
saturno em face lunar.
Suspenso
em suspensão aquosa
no susto por levar,
aquando da sina maldita
aquário de pedras e cal.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.