Amo tudo o que não amo!
Por mim, por todos, por nenhum ...
E amo a vida que renego
por não me dar amor algum!
Amo a bandeira do Poeta
e o lodo que o enreda
e até amo o canto rubro
que o prende e não liberta!
Tudo é vago! Estéril como eu!
Vem a dor ... começa ... não tem fim ...
Quem me deixou descarnado e nú
num espaço oco entre ti e mim?!
É a hora crepuscular!
Entardecer sonâmbulo ...
E eis que em todos os relógios,
de repente, pára o pêndulo!
Contemplo tudo o que não amo!
E amo tudo o que não vejo!
Há nomes que já não chamo
mas há bocas qu'inda beijo ...
Ricardo Maria Louro