[Parti com vontade de ficar.
Sem que te visse os olhos, entrei neles e
todas as perguntas e todas as respostas
iam ganhando altura.
Estava tudo ali refletido,
no abrasivo brilho do teu olhar.
Então, eis que uma vaga de luz aparece.
Vejo a sombra do teu corpo a edificar-se cada vez mais.
Separa-nos por uma distância sem distância.
Depois, de longe, sem que te visse,
vi-te perto, muito perto.
O teu movimento sob uma alegria exorbitante.
Inteira. Sem tamanho.
Pensar que nunca mais sentirei frio,
é ficar sem vontade de partir.
Da próxima vez que houver vontade,
serei uma ave que regressa ao ninho
e que não partirá mais
com a vinda da Primavera.]