Distraidamente,
Lavava estrelas com as mãos,
Polia a lua com um pano velho.
Dava rumos mais altos pra sua vida.
Desconhecidamente,
Beijava bocas recicladas,
Decorava gênios céticos,
Vivendo assim perdia o sono.
Ignorantemente,
Não gostava de livros antigos,
Comia palavras e café com leite,
Na vida encontrava a teoria.
Revoadamente,
Viajava no vôo das mentes vazias,
Descansava seu rumo de ontem,
Usando asas azuis de borboletas.
Arquitetamente,
Fazia-se construindo sonhos,
Dentro das gotas de orvalho,
Da noite que mandou fazer.
Cansadamente,
Pra aliviar o calor e o cansaço,
Fez a tarde chuvosa e fria.
Do sorriso da moça, o cobertor.
Esperançosamente,
Acreditava que rasgando o céu,
Poderia pegar Deus com as mãos
E que Ele morava no olhar da criança.
Acertadamente,
Filosofava que árvores se fantasiavam
Com roupas coloridas de meninas,
Enquanto outras se desnudavam.
Silenciosamente,
Algumas dormiam nas ruas, nas matas,
Outras me amanheciam.
Faziam meus olhos verdes amanhecer.
José Veríssimo