Sonhos, sempre sonhos...
Tendo a ser precipitado e sempre procurei pelo "Verdadeiro amor", amor esse que me despedaçou por completo.
Ainda assim, por mais magoado que estivesse sempre chegava o ponto onde pegava numa agulha e linha e cozia novamente os pedacinhos que restavam no peito. Esse ponto, ah, que ponto, doía mais que um ponto final. Eram os olhos dela afogados em lágrimas, eles enfeitiçavam-me novamente, e, novamente agarrava-a para mim confortando-a e sufocando um pouco mais a dor que sentia.
Abdiquei de tudo, dei-lhe o melhor de mim, mesmo com comparações constantes com o grande amor da sua vida. Mostrei-lhe a diferença de tratamento, a cor dos beijos, definição de prioridades, objectivos, e, a diferença entre sexo e amor, em cada passar de mão, beijo, suspiro, arrepio, aperto, até mesmo na minha língua que deslizava suavemente na sua intimidade.
Ainda assim, não foi o bastante, o meu amor por ela tornou-se uma faca de dois gumes. Em que, em cada gesto, em cada atitude minha esperava a devida retribuição. Expectativas!
Esperava que me beijasse em vez de discutir, que me silenciasse com a determinação de uma mulher, que me provasse todos os dias que eu era o motivo para ela sorrir e não o conforto que necessitava. Esperava que me fizesse surpresas românticas em vez de chorar no meu ombro, que berrasse o meu nome em vez de chorar o dele, que me amasse a mim em vez de o amar a ele!
Sempre a pedir para que aguentasse, que o tempo faria com que me escolhesse, que eu seria recompensado, que seria feliz.
No final de um ano, de tantas palavras não ditas, promessas quebradas... As linhas que me seguravam romperam, a agulha em vez de cozer matou-me de vez.
As lágrimas que me prendiam, mandaram-me embora, como gelo, sem mais sonhos, sem vontade nenhuma e sem coração.
FS