Trouxe comigo ao nascer
Olhos de pedra, não me via
E o meu corpo era saudade
Não havia claridade
Por momentos quis morrer!
Acreditei que ia passar
Mas a pedra aumentou
E o peso dos meus passos
O frio dos meus abraços
Parecia não parar!
Vi sorrir quando chorava
Em momentos de solidão
E o meu corpo só tremia
De sentir a nostalgia
Por não verem que eu amava!
Olhos de pedra, fechados
Sem coragem de os abrir
E das coisas por dizer
Tantas feridas, triste ser
Nos meus olhos tão parados!
E morrem sonhos um a um
Nas veias grita o sangue
Ficam passos pelo chão
Ficam dores, solidão
Pois amor não há nenhum!
Não podendo ser mais nada
Inventei sonhos suspensos
E das tardes de Setembro
O que fiz já não me lembro
Só vivi de madrugada!
E pensava, só pensava
E sofria, só sofria
Quando a vida passava
Olhos de pedra, não me via
Pobre criança enjeitada!
Ricardo Maria Louro