Eras tu ressuscitado, vivo entre os vivos como se não tivesses nada de morto dentro de ti e lá dentro, no mais íntimo, onde se respira a vida nada me cheira a ela, me sabe a ela, tudo é essa estranha, vagarosa mas irrequieta maneira de morrer. Cada sentimento está gasto, cada palavra é antecipadamente pensada, cada tudo é um nada muito antes de o ser, os gestos são forjados com a delicadeza das mãos violentas, a ternura sucumbe-se na inglória sede de queda, cai tudo então em ti, perante ti, diante de ti, tudo cai, tudo se gasta e se desmancha em absurda dor.
Eras tu semente que se espalha, vício, casa sem tecto, veneno, desperto segredo há muito guardado entre os corações dos homens, agora és carne da nossa carne... anticristo! anti tudo! anti mim própria quem sabe!
Morri! Quero a morte em vez de ter de viver com o dissabor da tua existência.
Fui...
( atiro-me violentamente contra as rochas, a queda inigualável dos corpos ocos, um passo atrás e nada disto estaria feito, nada seria preciso mas não sou capaz de o fazer e morro, inviolável clemência)
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!
. façam de conta que eu não estive cá .