Sonetos : 

ABOIO DE GENTE

 
Tags:  SONETOS 1999  
 
ABOIO DE GENTE

De manhã passo em frente à sua casa.
Pois, desde antes do sol, lá da varanda,
Ficava aboiando a gente que à rua anda
E para o soar do apito já se atrasa.

Entoa a voz que induz a vida rasa
Dos que vão para a fábrica e lhes manda
Aquela saudação ou grita branda
Que o amanhecer um pouco mais apraza.

Estava sempre igual: Vermelho e forte,
De riso aberto, embora insuspeitadas
Recordações d’alguma adversa sorte...

Vai tangendo-nos pelas madrugadas.
E, evocando o sertão, afasta a morte
Sentado sobre as pernas amputadas.

Betim – 19 09 1999


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
Autor
RicardoC
Autor
 
Texto
Data
Leituras
562
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.