Era uma esfinge estranha
no alto do seu pedestal.
Nascera com um invulgar dom
encostado à sua voz.
- Dentro da sua timidez
deixara as perguntas para trás -
Com clareza cantava
duras dores,
ensombrando os pobres de espírito
estrangulados com a sua beleza.
Importava-lhe o seu lado felino
na imprecisão do abraço,
na eminência da ferida
às garras dos homens.
E a cada resposta errada com triste sina,
no calor das melodias que criava
num mero segundo ausente,
infinito.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
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Por regra, não respondo.