(a estrada que me sobra
é tempo demais
tempo demais é
sobra que me estraga)
Deixem-me partir
no intervalo,
enquanto as crianças não nascerem culpadas
de tudo o que eu falho.
Entre a certeza do clímax
que há-de ser
e do fim que nunca iniciou à minha voz.
A estrada é larga demais,
palco onde me movo sem destreza,
não sei dos tempos,
não sei das mãos, não sei de vós.
Nunca soube viver sozinha,
mas deixem-me partir comigo,
independente e livre
das esperas.
Deixem-me partir antes do cair do pano,
antes do espinho tocar o peito do piano,
no intervalo longo entre a ternura
e as primaveras.
Teresa Teixeira