Invento fases,
formo frases, eficazes e como a face da lua,
penso em ti e na tua capacidade de me fazer perder e encontrar,
de me fazer amar e odiar...
Eu deito-me e deixo fluir,
as letras juntam-se e fazem-me construir:
palàcios de areia,
terrenos de vidro,
campos de cedro;
Ela vagueia,
semeia,
incendeia a base de cartas de tintas escassas feitas e levadas pelo vento.
E eu rezo,
eu suplico,
eu tropeco,
em pensamentos vazios,
desejos de fada,
rios de ouro,
campos de nada;
Sou anjo,
demónio,
a luz e as trevas,
arranho, blisco e trinco o teu poder de me dominar,
de me fazer desaparecer e achar;
Sou tua por inteiro, por vezes às metades,
sou tua, sou minha, sou de quem me agarrar.
Aperta-me, acorda-me, leva de mim toda a dor,
sem ponta, sem nó, sou o segredo em flor.
Tornei-me crente, demente,
servente do unico que me ouviu,
uma pena de pele plena,
de arestas agucadas,
sou a fera que amordacas nas tuas garras afiadas.
Raquel Pereira