Calei o pensamento derradeiro
Descobri somente onde a verdade
se revela qual ungüento num profundo
silêncio sorrateiro
Interpretando palavras ecoando
cuidadosamente engomadas
neste verso recriado em cativeiro
Tornei-me utente deste silêncio
namorando os ecos estampados naquela
infância resvalando no tempo estupefacto
Colori com serpentinas e festejos
o cântico dos lamentos mastigando todas
as minhas solidões indiferentes
a uma estatística de amor contagiante
ou num sorriso integral calando cada
desejo deste desejo que adivinho inebriante
Mergulhei as tristeza para lá
do limite destes céus factuais
Esculpi em cada nuvem a imaginária
solidão alimentando uma gargalhada
quase irracional
olhando o buquê de silêncios
adormecer a manhã ao colo
deste tempo predador e sobrenatural
Faz-se depois meu silêncio
sem estardalhaços
Calei-me a espaços entre
a existência que abraço e
aquele instante de tranquilidade
repleto de nós num retrato
colossal…fragmentado no tempo
disperso num lamento de criatividade
As veredas do silêncio são agora o redil
onde pastam as palavras meigas e dóceis
entrelaçando-se em goles de louvores gráceis,
contemplando a efeméride deste sonho irrefutável
submergindo na lauta manhã onde
me alojo finalmente degustando cada
pedacinho de eternidade chegando inexorável
FC