Necessito nutrir cada hora fiel
aos meus instintos com a mesma pontualidade
com que pernoito na ampulheta do tempo
vagando faminto enumerando todas as
cumplicidades onde as palavras se acoitam
temperando o ritual e o cio das nossas fantasias
aprisionadas nas esquadria dos meus silêncios
Enquanto o sol escalda meus versos
perdidos no oásis das solidões matreiras
vislumbro o ténue e solitário rasto de um
arco-íris que povoa o martírio dos meus
silêncios betumando cada gomo de breu
encobrindo a noite desesperada
com versáteis beijos lambuzados
de amor e metáforas tão inesperadas
Olho para o tempo
com a mesma linearidade de outrora
descubro o inesperadamente em cada
memória encenada na hiperplasia
dos tempos
ou na efeméride das palavras
quando me infiltro de ti periodicamente
até me sentir todo ao rubro…integralmente
As horas parecem intermináveis
e tamanhas
assim que soletro teu nome
num pensativo segundo
na brevidade do vento que se
contenta com
mil perfumes deixados por ti
na ociosidade do tempo
Deixei outros enredos
acorrentados numa poesia
agasalhada generosamente
à navegante lua que palmilha
a mesma noite
onde em lugar nenhum
sei não te encontro
pois o termómetro dos
meus pensamentos abriga segredos
que nos olham de soslaio
felizes…perpetuando a imprescindível
comunhão de desejos que ali extraio
É tempo de renascer para a vida
recriar ainda teu ímpar sorriso
até usurpar todo aquele perfume
decantado num poema circunscrito
na fatalidade dos meus silêncios
Empolgar cada desejo do tamanho
do mundo
onde milimetricamente
seduzido me hospedo
ensopando a expressividade
dos abraços que deixaste
na afiada lâmina do tempo repleto
dos meus malabarismos poéticos
Hoje abro os portões ao
amor oriundo da cumplicidade
dos nossos corações
Reinicio tudo de novo
como o dador da vida
no infinito exático pranto
exumado, ressuscitando serenamente
onde investimos para um destino
além de tudo
verdadeiramente, estético… e fantástico
FC