RETRATOS
Junto aos retratos que o tempo parou,
longe do olhar que por ti larguei,
pedras se soltam, eu já não sou,
e já nem sei
o que em mim ficou!
É no tempo incerto que a noite me espreita,
e o abastado amor, lá ficou pra trás,
parado na imagem que nasceu desfeita,
a foto perfeita,
que não fui capaz!
Junto aos retratos, molduras tombadas,
cinzas ao vento no negro caminho,
gritam silêncio as noites caladas,
mal fotografadas,
onde amei sozinho.
Ficámos ali, no vidro nefasto,
sorrindo à desgraça caída no chão,
dois passos ao lado dum retrato gasto,
dum amor sem pasto,
duma recordação!
Carvalhal
06-06-2011
Beija-flor