[Sabes, haveria uma coisa - intensamente imensa - que me aconchegaria neste momento: encostar o meu peito ao teu e sentir um abraço nosso. Neste instante em que escrevo, sem que toque o teu peito, viajo nele. Um abraço é sempre uma viagem. Entramos no barco, deixamo-nos embalar pelas ondas subtis e distanciamo-nos do mundo. Um abraço teu é esta viagem toda. É este apartar prazerosamente envolvente do mundo inteiro.
Neste momento, sinto o teu abraço a percorrer-me toda a memória. É puro. Quase chega a ser real. Quase chego a vive-lo como se existisse barco e como se as marés nos conduzissem pelo oceano dentro.
Sabes, não estás aqui e eu, em boa verdade, trocaria até este aconchego trazido, amorosamente, pelo calor do teu corpo a preencher-me a noite inteira pela suspeita de que também possas, neste preciso instante, ter saudades de um abraço meu. Tu sabes... de um abraço que é nosso, desde o último que te dei.]