Frente a frente com o último juízo
Conto o tempo que à vida faltou
Letra a letra, minuto a minuto
Em batidas monótonas, cardíacas
De respirar lento e conciso
O velho relógio parou...
Apagou do seu olhar astuto
Vidas imaginárias e paradisíacas
Lado a lado com o último suspiro
Escrevo lesto o testamento final
A quem deixo o irrevogável amor
O decisivo abraço de amizade
A saudade que aos alegres retiro
O vil veneno, essa droga letal
Que se espalha louca de dor
A quem deixo tanta vaidade
Olhos nos olhos das últimas musas
Dispo o corpo gasto e poeirento
Choro a vida renascida morte
Questiono sabedoria da divindade
A negação seguida de néscia recusa
Espojada em chão seco e pardacento
Perdida sem alguém se importe
Pedinte sem olhar ou vaidade
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma