<br />Nós sabemos o que custa, vencer a resistência tenaz de duas pernas unidas.Assim como sabemos o sabor amargo da falta de um carinho um alento, o ar da madrugada soprando nossas faces nossos membros entorpecidos reclamando ao despertar o frio esquecido no corpo que se aquece.Novamente se “outonam” as arvores, folhas mortas, aquecendo o fim do inverno. Brilham, vielas, becos e ruas sob a garoa fina e tardia espelhando no asfalto molhado a velocidade dos poucos carros num “flash” veloz que os olhos não acompanham.Ao calor fugaz dado ao transeunte solitário no porto do seu destino ao cantarmos uma melodia “entediante”, que nos sabe a passado sem futuro.E já mais tarde quando os veleiros mentirem por quererem outros portos ansiados e nunca alcançados o ar marinho se infiltrar pelas narinas e preencher de mar nossos pulmões talvez neste momento de paz nos perguntamos...porque e quem. Quem não teme perder, mesmo o que não se ama ?E porque temos mais medo de perder do que ganhar, já que vida não é ganho ou perda, mais valia ou menos valia, mais vaidades que encantos ...a vida é a vida e é bonita, e é para ser vivida.Para olhar a moça sentada a soleira da porta sob um sol de verão, lendo alheia ao meu olhar e desatino, os 100 anos de todas as solidões simular seus sonhos juntando-os aos meus, esta mulher, de versos lindos que me enternecem e me fazem sonhar, se despe de si e encarna de repente uma dama dos anos quarenta, espiando a vida numa fresta de cortina.Enquanto seus dedos mágicos tecem poesias que me alimentam ao anoitecer, me fazem sorrir ao recorda-las pela manhã.Quantas vezes acordei faminto de ler seus versos na madrugada silenciosa e solitária, para que além de mim ninguém os visse como se fossem feitos para mim...e não para todos os que amam seus versos...tenha uma noite acalentada em versos e prosas.
Carlos Said