A Cidade Necrópole
By Dr. Azágua
Uma autêntica favela
Pintada de lama aguarela.
Cozinha sem panela,
Parede sem janela,
Nem água para beber
Quanto mais para lavar.
Ninguém sabe o que fazer.
Ninguém quer saber.
Sem quê, nem pra quê
É para aguentar,
E há muito o que contar!
Sem pão de comer,
Sem fé, nem café,
Sem dentes para sorrir,
Sem roupa para vestir,
Sem cama, nem colchão
É dormir no chão.
Sem glória nem fama,
É viver na lama.
O estômago implora
A boca chora
Chega hora…
No tecto da figueira, o pombo-correio
era um corvo preto…
Sente-se o olfato da morte.
A morte bate à porta.
Nas mãos - o registo de óbito…
Escoltado por quatro portadores
O corpo é transladado no esquife do Concelho
para a cidade necrópole…
Descanse em Paz!