ADVERSIDADES
Dr. Azágua
O corpo tremia.
Não de frio.
Não de febre.
Não de calor…
Os olhos não eram cegos não.
Viam-se de perto e de longe;
Estavam apenas cansados,
esgotados,
derrotados…
A barriga da miséria tinha boca
Mas não precisava falar.
Falar pra quê?
A fome não fala. É muda.
Bebia-se água poluída
suja
contaminada…
E lá dentro hospedavam gases
e lombrigas. Agudas.
Cobrinhas redondas,
leitosas e rosadas
que se multiplicam
exponencialmente
sem licença, sem bênção…
Ouvia-se gritos de dor,
de agonia
de tortura
de angústia
de desespero.
Ninguém dava ouvidos.
Cada um por si, diabo por todos…
E salvou-se quem podia...
O tempo passou.
A noite virou dia...
A guerra lutou,
A batalha venceu.
A dor e as mágoas venceram.
E restaram apenas cicatrizes…