Poemas : 

A etapa da descrença

 
Há menos estrelas de noite a pontilhar os meus sonhos, e a concha já não canta o mar.

Os deuses fugiram e aos anjos descolaram as asas.

A dúvida fez agora de mim o seu ninho, porque antes não precisava dela.

Os teus lábios e o teu corpo nu não me guardam mais segredos, porque és só carne, e eu sou só carne.

A cidade de antes, bela, é agora velha e gloriosamente arrogante.

A bondade já não é gratuita e troca-se por conveniência.

Já não resta magia, e a engrenagem do meu coração enferrujou, e ele, por ser pequenino e não poder guardar tanta decepção, despeja-a em forma de letras e frases feias.

Paulo Coutinho

 
Autor
super_prisma
 
Texto
Data
Leituras
885
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
18 pontos
6
2
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 09/01/2017 12:43  Atualizado: 09/01/2017 12:43
 Re: A etapa da descrença
bom


Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 21/01/2017 16:55  Atualizado: 21/01/2017 16:55
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11099
 Re: A etapa da descrença
Paulo,

A descrença produziu uma bela prosa poética.
Nanda


Enviado por Tópico
rodas
Publicado: 23/01/2017 17:51  Atualizado: 23/01/2017 17:51
Da casa!
Usuário desde: 16/01/2017
Localidade:
Mensagens: 367
 Re: A etapa da descrença
Certas taças mesmo aparentemente sem beleza ou valor encerram um doce e inesquecível sabor.

Enviado por Tópico
MARNICA
Publicado: 27/01/2017 16:07  Atualizado: 27/01/2017 16:07
Novo Membro
Usuário desde: 18/11/2016
Localidade:
Mensagens: 10
 Re: A etapa da descrença
"...a engrenagem do meu coração enferrujou, e ele, por ser pequenino e não poder guardar tanta decepção..."

Mas é precisamente por teu coração ser grande que se decepciona! Recusa-te a ver o mundo Cinzento! O meu enche-se de cor com a minha família, namorado, amigos, cadela, tudo o que me faz rir, um quadradinho de chocolate, uns pés quentinhos, uma chuvada lá fora (e eu cá dentro..!).... Sei lá... Acho que é uma questão de procurar ver sempre o copo meio cheio!

Reconheço que não consigo ver a cores 24h/7dias.... as vezes também vejo tudo negro, ou pior, vermelho vivo e a sair fumo pelas orelhas...!!!! Mas esforço-me por ver o lado brilhante (das purpurinas) da vida!

olha... Pelo menos a decepção faz-te escrever coisas boas! :)