E corto as veias nesta tarde opressiva
em que adormeço sem querer saber mais nada
meu coração partido é sombra viva,
e meu rosto, meu olhar, timbre de prata!
E um pássaro de silêncio pousa nesta hora
semeando inquietos madrigais de solidão,
e, de repente, há em mim algo que chora
prendendo o meu olhar numa imensa inquietação.
Não me deixes morrer longe de ti, meu amor,
eu tão preso a tudo quanto passa,
e tu, ao longe, naufragando em tanta dor.
E corto as veias nesta tarde pra morrer,
e na espera de morrer, algo me trespassa,
que o teu amor possa em mim pra sempre arder.
Richard Mary Bay
"o Último Romântico"