A oeste da vida fácil
um pescador de inquietudes
deita as redes ao luar
com os olhos cantarolando destinos
e o pensamento cansado nos braços.
Só e alvoraçado pela calmaria
vai assobiando as velhas poesias
que o medo lhe ensinou desde menino
enquanto nas águas o tempo voa
como marés aladas na sua voz,
acometidas de ânsias que desconsolam
as horas mais coloridas do coração,
desnudam os sentimentos mais vivos
e todos os momentos lindos do sonhador.
A léguas, aquém de todos os outros
um pescador de solidões cruas
recolhe as redes do dia na noite
com as forças que à alma restam
pelo epílogo do silêncio sem coito
onde os desejo jazem sovados pelo acaso
e os homens vagabundam as sombras
já bêbadas de rum e memórias em fogo
latejados de tristeza amarga!