Hoje a noite traz na calha um lamento,
um grito magoado quer atravessa a madrugada
e alguém passa pela rua do não-tempo,
vestindo roupas de saudade, cor-de-nada!
Hoje a vida está cansada de o esperar,
seu corpo, imerso num silencio do passado,
traz lágrimas bailando, no fundo do olhar,
onde os sonhos à deriva estão calados!
E eu?! Que faço?! Permaneço imóvel e frio ...
Estático, incólume e parado no desejo
d'encontrar, na noite, quem preencha o meu vazio!
E esta espera interminável sem principio nem fim,
faz da vida uma aguarela, como o beijo
do silencio que faz de nós seres assim!
Richard Mary Bay
"o Último Romântico"