93. Arrebento as tramelas se for preciso,
94. Jamais fico indeciso,
95. Eu chego das alturas,
96. E espanto todas as loucuras.
97. Depois o louco sou eu,
98. Eu que apenas poetizo,
99. E dizem que até faço feitiço,
100. Porque tenho um mundo só meu.
101. Mas quem sou eu para pensar assim,
102. Este poema parece que não quer ter fim,
103. É totalmente independente,
104. Debochado e indecente.
105. Eu sou um poeta cognitivo,
106. Busco o auto conhecimento,
107. O que escrevo não é definitivo,
108. É tudo questão de momento.
109. E o momento é de parir este poema,
110. Cuidar da sua gestação,
111. E dar-lhe boa educação,
112. Para que no futuro não se torne um dilema.
113. É gratificante ver um poema nascer,
114. Tomar forma e crescer,
115. Vê-lo ensaiar os primeiros trôpegos traços,
116. E poder ajudá-lo a desviar-se dos inúmeros percalços.
117. O poema depois de pronto,
118. Seguira seu próprio rumo,
119. E mesmo que estiver fora de prumo,
120. Será bem melhor que um conto.
121. Não pensem que sou contra os contos,
122. Eu também os escrevo,
123. Mas só na poesia me enlevo,
124. Mesmo com todos os descontos.