Poemas : 

O inventário está pronto - poetas húngaros (Attila József)

 
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Confiei desde o começo em mim se bem
que isso não custe muito para quem
nada possui – não mais, em todo caso,
do que para o animal morto ao acaso.

Fiquei, mesmo com medo, em meu lugar:
nasci e mesclei-me até me destacar.
Paguei a cada qual conforme o preço
e, a quem me deu de graça, com apreço.

Se mulher me iludia com sua fala,
deixava-a me iludir para agradá-la.
Lavei convés e enchi baldes – não raro,
em meio aos sabichões, eu fui o otário.

Vendi brinquedos, pão, livros, jornais,
poesia – sempre o que rendesse mais.
Embora ainda prefira um fim no leito
à guerra ou corda – como for, aceito.

O inventário está pronto e aqui registro
que vivi. Muita gente morreu disto.

Attila József (1905-37), poeta húngaro, poema traduzido por Nelson Ascher (poeta, tradutor e jornalista).

Imagem por Mária Chilf / Hungary Megjósolt emlék.
 
Autor
AjAraujo
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