Olá Claire, como tens passado?
Escrevo-te por não aguentar mais algumas coisas que se têm passado ultimamente por estes lados. Minha eterna confidente, minha amiga de há tanto tempo, precisamos de falar.
Claire, estes últimos tempos conseguiram provocar-me todo o tipo de situações e sentimentos que possas imaginar. A falta dos teus conselhos fizeram-me tomar decisões erradas, que até pareciam boas, que me trouxeram a todo um novo fundo que não conhecia. Desde a última carta, experienciei situações de morte de familiares, situações hospitalares e, como se não bastasse, crises amorosas. Oh Claire, tu sabes como este último me é tão sensível.
Eu errei Claire. Arrependo-me até ao último milímetro, aliás, Angstrom da minha alma. Se o arrependimento matasse, oh Claire, eu já não te escrevia esta carta.
Tomei a estúpida decisão de a deixar. Na altura parecia o mais certo. O quão eu me enganei. Desde a altura que me vim embora, percebi o quão errado estava. Eu ainda a amo e sinto tanto a sua falta que ninguém o conseguirá imaginar. Nem ela, desconfio. Como eu gostava que ela soubesse o quão me arrependo. Como eu gostava de conseguir corrigir isto tudo e dar-lhe tudo aquilo que poderia ter dado. Oh Claire, como eu gostava de voltar a estar com ela.
Hoje sonhei com ela. Na verdade, a minha cabeça reproduziu parte do momento de quando a beijei pela primeira vez. Quase senti o calor dos seus beijos. Quase como se nos estivéssemos mesmo a beijar. Oh Claire, como eu adoraria que isso acontecesse. Adorava voltar a beijá-la. Tal como o primeiro dia, quando estávamos os dois naquele quarto, naquela noite de Julho.
Já viste Claire? Não a consigo esquecer porque, apesar de tudo o que se possa passar, ela é o amor da minha vida. Aquela me fez perceber que o mundo valia a pena. Que parvo que eu fui.
Mas Agora, Derrotado, Assumo o meu erro e rendo-me. Liga-me, Escreve-me. Não me deixes continuar Assim.
Eu amo-a tanto Claire. Acho que isto é que é amor. Dá-lhe os teus pózinhos, Claire. Salva-me disto. Porque a vida, infelizmente, não tem um ponto de restauro a que possamos voltar quando as coisas dão errado.
Até uma próxima minha cara amiga.
Um abraço deste arrependido,
António.
«O amor é forte como a morte e duro como o Inferno.»