Dá-me a tua mão aberta, d’artérias estreitas e veias largas,
sejam canais engrandecidos de burel e de cetim
que neles,
em genésica demanda, serei batel d’aurora infanta,
pejado à proa de romãs,
d’iluminuras aumentadas, de fruta-pão,
e logo além, no mais cavado porão,
de nós fruirão em casco tenras zínias
de lastros adornados a espuma d’organdi.
Dá-me
um cinematógrafo vazio, um mundo impoluto,
um gesto franco de tão certo, um risco, um traço,
um espaço aberto à fissura, ao desabrigo do tempo,
[um só instante, um só momento]
Seja savana
Seja campina
Seja tão só várzea de rio transbordante…
Dá-ma,
ombreada em lírica acrimoniosa
que audaz desentrançarei cabelos aos astros
e da Lua tomar-lhe-ei urdidos, um a um,
em palanque d’orbes oblíquos, todos os silentes passos.
Dá-me a tua mão, franca, oferta,
para que ai dance secreta (nua fuligem de vento),
o meu no teu tempo espelhado,
o teu no meu tempo espalhado - desembuço dúplice
de ser e sendo, escrita solta d’égide salsa,
arruamento, viela lata,
retornada pérola d’ostra jazida ao suprimento.
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