E eis que pelo vale a amarelar
sobrevoam andorinhas perdidas
esquecidas de que tinham de migrar
sem entenderem as suas vidas
E eis que no vale pastam cabras e bodes
arrancam sem piedade o que nasceu no solo
destruir vidas não é algo que as incomode
pois tampouco seguem qualquer protocolo
E, tal como nos outros rios
eis que desovam pequenos anfíbios
poucos escapam da cobra viperina
que, descuidada voa, nas garras da rapina
Eis o vale do rio das trutas de S.Bento
onde pastam bodes protegidos pelo Juiz
que diz que cumpre o que diz o Parlamento
Eis o nosso Portugal
Nem vinte e cinco Abris
drenam esse lamaçal
Não sou poeta mas, quem sabe, um dia escreverei
um texto que (pela persistência e sorte) possa ser lido como poema