Quando te beijo, minha filha É como se te beijasse pela primeira vez Sinto tua pele imaculada Cheia de sangue amniótico Qual ar puro dos himalaias Nesse instante tudo pára Sinto tua pele em cada dia Sinto que nos amamos Sabes que nesse beijo É a saliva que nos une É o amor que rega a esperança Que nunca seca enquanto há vida Repete-se a cada dia Mesmo quando envelheça Esse sabor será mais profundo É como se cada gota Escavasse esse recanto Que entre nós se afunda E nos puxa como uma corda Onde te seguras Os nossos beijos são raros Mas unem-nos sempre em cada dia Porque não sei o que te acontecerá Mas aquilo que acontecer terá. É seguro pela mão de Deus, que é a minha. Quando choras fico inquieto As tuas palavras têm o meu significado Os teus pensamentos são as imagens de nós E quando compreenderes tudo o que escrevo Beija-me como te beijei pela primeira vez Como quando imaginei que irias existir Imagina a força que te dou Se poderes esconde-te nesse beijo Procura-me ainda que não exista Para mim existes sempre, foge Volta mais forte nesse beijo Nessa vida. João Garcez, 31 de Janeiro de 2016