No meu peito há dois lamentos
nos meus olhos dois silêncios
que me prendem à saudade;
duas histórias que passaram
duas vidas que deixaram
tantas horas d'ansiedade.
Minha Mãe o teu sorriso
de que tanto 'inda preciso
em horas tristes sem vida;
e meu Pai, o teu regaço,
aquele olhar, o teu abraço,
ao dizeres, minha querida.
Esta mágoa que hoje canto
será sempre um triste pranto
que amargura no meu peito;
porque dá e tira a vida
tanto amor sem despedida
que tristeza no meu leito.
Mas no meu triste horizonte
junto à voz de cada fonte
ponho a minha voz também;
no Altar há duas velas
no meu Céu há duas Estrelas
são meu Pai e minha Mãe.
Ricardo Maria Louro
Poema para a Fadista Paula Cruz
em homenagem a seus Pais ...
Ricardo Maria Louro