Quando minha alma sentir
O grande exílio
Que meu corpo sente agora,
Vestirei o nu mais pedante e sensual
E a todos chamarei
Para participar da orgia maior!
Agitarei minha bandeira vermelha
Enfeitada com uma suástica
Que mais parece a estrela de David!
Visitarei os mais imundos
E obscenos prostíbulos.
Darei meu corpo às damas da noite,
Para que o possuam
Lasciva e despudoradamente!
Ofertarei ao maltrapilho
Que me estender à mão,
O rubi de minhas fartas raízes
E jamais me perdoarei por isto!
Amaldiçoarei o padre
Que perdoa pecados,
Ainda não pecados!
Deixarei que entre o sol
Em todas as covas do planeta,
Para que sua luz
Desperte a todos,
Para que vivam com a gente
Um dia sem passado!
Trarei para as ruas
Todo esoterismo preterido
Pelos alforjes triunfantes
E lhes darei
As chaves de nossa civilização!
Minarei com minhas neuroses profanas,
Todo simbolismo milenar,
Que urge os homens
Por vielas estreitas e beligerantes!
Afogarei em águas turvas
Todos os cactos
Para que brotem
De seus pontiagudos espinhos,
Pétalas que ocultem
Com seu estranho milagre
Os que não têm o poder de sonhar!
Farei os santos de cimento armado
Deixar sua rigidez onipotente,
Para que seus braços impolutos,
Estreitem os que rastejam a seus pés!
Aos mercenários incorrigíveis
Pedirei,
Para minha pobre cidade,
Um dia de ações de graça!
E quando me sentir livre do exílio,
Voltarei a ser Dom Quixote dos Bancos de praça,
Ou se desejar,
Um rei em terras distantes!