Gostava tanto de te dizer que não és uma criança diferente,
Não posso, estaria a enganar-te, sabes, não sei se me estás a entender
Mas não faz mal, já nada importa se não o amor incondicional
Que tudo suporta e neste amor, como em tudo amor puro,
O sofrimento é constante, a minha semente não é como a dos demais,
Não somos únicos, existem milhares de outras pessoas como nós.
A humanidade teima, na sua maioria, castrar-te, ignorar-te
Ou olhar com piedade, os poemas só são lidos por quem
Te acolhe com o mesmo amor, com esse mesmo amor
Com que entregas, que nos faz sorrir, chorar e proteger.
Os governos sucedem-se, depois encolhem-se,
Fingem preocupar-se com os teus direitos,
Mas não passa disso, não passas de uma assinatura burocrata
Esquecida numa gaveta qualquer,
E sabes porquê, porque não dás votos, porque dás despesa.
Gostava tanto de te dizer como te amo e isso sei
Que entendes na perfeição, falamos a mesma língua,
Como me orgulho de ti, serás sempre o pequeno príncipe
Neste oásis disfarçado de mendacidade.
Conceição Bernardino