CHUVA PASSAGEIRA
(Jairo Nunes Bezerra)
Lá fora a chuva é atuante. Pingos d´águas salpicam as plantas... Que mais esverdeadas ficam. Predomina um cheiro ativo de barro, ativando as minhas lembranças de tempos idos, quando
esquadrinhava as estradas sertanejas, sem pavimentações. Às suas margens as árvores eram
acintosas, liberando folhas que se amontoavam formando colchão que acolhia corpos
viçosos que transmitiam para o espaço gritos alucinantes de satisfações, provocados por vaivém repetitivo . O progresso atuou, anulando aqueles bons momentos de naturalidade.
E aqui me sinto prisioneiro entre quatro paredes relembrando atividades passadas, que
foram dizimadas pelo avançar do tempo. E agora aprisionado pela idade, clamo pelas
beldades que também envelheceram e que talvez vivenciam essa lacuna onde os coitos se
faziam presentes nos entardeceres. Minhas faces estão molhadas não do respingar da
chuva. São lágrimas vivificantes de aconchegos que apenas perduram nas lembranças!