O rapaz atravessa tudo
O violão, a rua e a mágica e as rugas
Esse moço não sabe de nada!
Tropeça nas notas e na vida
Como pedras tropeçam nossos pés
Esse moço não entende nada!
A rua corre de seus passos desprezados
Como vento levando canções desentoadas
Esse moço não entende nada!
Padece da métrica da dor desafinada
Cala como ondas que se arrebentam nas pedras
Esse moço não entende nada!
Esse moço não quer apenas o tempo, ele quer o tempo
Para afinar seu destino que ele vai tocar bem, nunca desafinado
Esse moço acha que entende de tudo, entende nada!
Ele não entende nada e nada pra ele é tudo não importa o agora
Entortando o céu, quebrando o sol, rasgando a lua e estrelas
E não vê-las chora agora. Chora moço! Chora moço desatinado!
Astros não se colocam no colo, moço! Astros são almas livres!
E sentindo vergonhas dos céus esse moço não toca nada!
Esse moço não entende nada, é só um rapaz e um violão,
Tocando a vida como fosse uma canção
Toca seu moço, o destino seu, afine-se; não desafina seu moço!
Essa canção é nossa, o desatino desafinado é nosso!
Toca moço, a mágica música da vida!
Essa canção é sua, seu moço desafinado.
Essa canção é nossa, amantes dos desafinados!
José Veríssimo
Re: DESAFINADOS
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