I
E assim começou tudo outra vez.A mesma sequencia cotidiana dos fatos inusitados do dia-a-dia.Debaixo da sombra de um frondosa amendoeira sentado no banco de madeira de Seu Arnold ao lado do grande Sanclay, o gerente do comercio de Seu Manoel do Fogão. Lendo o livro "Le Matin des Magiciens" de Bergier e outro autor. Dividi os cem reais que recebi de Dona Helena,uma simpática cliente da Rua 30 que fiz um portão. Paguei todos os pequenos débitos, começando pelo merceeiro Seu Raposo do Mercado onde sempre compro as cervejas em latas. Comprei este novo caderno, toucinho e charque para o meu lauto almoço com repolho. Enfim estou quase ébrio sentado na cadeira de macarrão vermelha na calçada em frente a boutique de meu amigo Cabeludo entre manequim e confecções.
Como diria os poetas estou literalmente na merda. Gastei tudo, fiquei doidão e nem lembro-me como cheguei em casa. Sábado passado fui com o professorzinho de historia no Convento das Freiras Combonianas buscar uns livros que elas estão descartando. Abasteci-me para o mês todo: Eça de Queiroz ( O Crime de Padre Amaro); Aluísio Azevedo (Casa de Pensão). Machado de Assis (Helena e o Alienista: Julio Ribeiro ( A Carne), Gandi (Il mio credo, Il mio pensiero) e outros.