Quando o litoral e o mar um dia se fartarem,
as cidades cansarem do excesso,
as pessoas já não se identificarem
nas montras e nos espelhos,
os montes e as serras secarem no vazio
e adormecerem num perpétuo silêncio,
saberão do mal que fizeram a um país
por o terem abandonado e esquecido!
E, então, poderá ser tarde para encontrar
tanta coisa que se perdeu...
entre pedras caídas
e flores e memórias sepultadas.
E não estranhem depois
se o cuco não cantar no mês de maio!
(De janelas fechadas "não se vê o futuro")
//Se um dia não me preocupar com o silêncio doloroso de uma árvore, como saber, e querer, do ruido aceso dum coração?!...
João Luís Dias