PÁSSAROS DE PAPEL
Menino empina pipa em sol a pino,
Que alta se solta e salta ao léu.
Na hipérbole da linha, chega ao céu
Enquanto o vento a põe em desatino.
Poeta só de ver já se vê menino,
Tão imerso de andar de déu em déu.
Pois lhe colore os versos no papel
O brinquedo d'aquele pequenino.
O vento leva pipa e poeta longe...
Mais pipas vêm tosar com seu cerol
E enchem de cor o céu da tarde ao sol
O tempo passa então sem que se alonje:
-- "Descarrega!" E lá se vai a rabiola...
Pássaros de papel, barbante e cola.
Betim - 07 10 1992
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.