Porque há poemas que têm de voltar e complementarem-se...
Mostro de mim quase nada
e nada já sou quem sou
Verto dos bolsos os versos
que guardo dos meus delírios
se me inventei ao luar…
nas noites mansas do estio
Guardo os sabores temperados
em favos de mel e sal
nas fendas no céu da boca
quando à sede me rendi
Mostro de mim quase nada
e nada já sou quem sou
Sei das cores das flores do campo
Sei das dores das folhas no outono
encharcadas de saudade
quando se vão sem querer…
Mostro as minhas mãos rasgadas
nas pedras ásperas que abracei
e guardo flores secas prensadas
dos jardins que não reguei…
Mostro de mim
...
João Luís Dias