EROS E TÂNATOS
Sinto na boca o gosto já dá morte.
Sinto-o meu sangue vindo das entranhas...
A mente se me perde ideias estranhas
E após morrer de amor, viver sem sorte...
Passo sem que ninguém mais me conforte
Em meio às minhas falas mais tacanhas.
Levado só por manhas e artimanhas,
Ao modo de quem faz da paixão esporte.
Do amor os infortúnios só eu tive...
E a vida corre como por penhascos
Um córrego que a quedas sobrevive...
Da morte que vivi, contive-me ascos:
Visto que d'essa dor jamais me prive,
Amando meus amores; meus carrascos...
Betim - 28 05 1996
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.