Mais um dia que passa por mim como um comboio cheio de gente e coisas e histórias.
Foi há já muito tempo que me esqueci quem era, e foi há pouco que parei para me olhar. Cruzei-me com alguém que estava parado do outro lado do espelho, e que me olhava tão indiscretamente. Apeteceu-me perguntar quem era, mas não o fiz. Eu sei que deve ser o meu reflexo.
Acredito que estou algures naquela imagem. E sei que me encontro algures aqui dentro, mas não vejo e não sinto. Estou sempre algures e não sou dono de nada em mim porque vivo como quem recorda uma memória indiferente.