Na sua vida monótona no grande palacete, Hermínia vivia a sua viuvez agarrada a um frasco de perfume cujo odor lhe trazia à memória o falecido marido. Ao sentir o odor recordava as horas íntimas de intenso ardor, os suores na refrega de lençóis pejados pelos restos transbordantes de um tesão imenso…
Tinha que contratar um homem que lhe tomasse conta dos terrenos em abandono desde a morte do querido ausente.
Pedro, o filho da vizinha, adolescente e de rosto borbulhento seguia-lhe os hábitos e as rotinas, pelas janelas, pelas frestas das portas, entreabertas pela distracção da Hermínia. Cobiçava as coxas ondulantes que entrevia pela cortina do banho, os seios generosos e entumecidos cuja visão, substituía as fantasias que as revistas que escondia por baixo do colchão, lhe prodigalizavam.
Até que Hermínia contrata o novo feitor que iria cuidar da terra abandonada, homem feito, experiente e de corpo jovem. António de sua graça, ocuparia os cómodos da criadagem com acesso à casa de banho comum da casa já que a da criadagem estava a precisar de obras.
Um belo dia numa manhã de domingo António foi tomar banho e reparou no frasco de perfume, cheirou e gostou do cheiro, usa-o profusamente pelo corpo todo, nos sovacos, no peito, no pescoço e nos pulsos caminhando pela sala como se carregasse uma aura do falecido.
Hermínia entra vinda do jardim e sente o cheiro, inebria-se, as narinas dilatam-se, o coração acelera, como uma pipoca que palpita caiu com estrondo no chão de madeira num baque de estrondo e com um “ui” de gemido orgástico.
António acorre à senhora, segura-lhe a cabeça, repara nos lábios húmidos e carnudos e não se conteve e provou aquela azeitona em pecado ofertante e ofegante pelo desmaio.
Hermínia acorda do breve desmaio com a língua de António na boca e o cheiro do falecido nas narinas… Entrega-se ao amplexo sem pudor nem reservas num restolhar de roupas rasgadas, numa estrafega de batalha, ciciada pelos gemidos e respiração entrecortada.
Pedro, o mequetrefe da vizinha observava aquele rio de roupa desalinhada pelo chão, os corpos suados na refrega da guerra declarada por amor. Nem nas melhores revistas tinha visto tal…
A partir desse dia António passou a usar o perfume do falecido, Hermínia continuou a desmaiar de gozo, Pedro continuou a suar da mão direita.
Até que um dia o perfume acabou, António tentou na farmácia do bairro comprar um perfume igual, enviou cartas para o laboratório que o produzia mas esse perfume deixou de se fabricar.
António perdeu o interesse para Hermínia, e o Pedro acalmou as dores de postura do braço.
Até que um dia Pedro reparou num movimento familiar entre os lençóis pendurados a secar, acercou-se pé ante pé e espreitou, via António de frente, com as calças pelos calcanhares, Hermínia ajoelhada de costas para o Pedro em frente de António em movimentos de cabeça de vai e vém, Pedro mal cabia em si de contente – O António descobriu com certeza o perfume- Acto continuo tentou encontrar um melhor ângulo de visão e acercou-se pela lateral para ver melhor a cena, quando se posicionou, reparou em algo de estranho que não era normal.
Hermínia nesse movimento do pescoço que tantas vezes vira, usava algo estranho. A mão parou-lhe surpresa na entumecência enquanto semicerrava os olhos para perceber melhor…
Hermínia usava no nariz uma mola de roupa...