"... Então, fingindo um leve sorrir,
o esgar de maior alegria incapaz...”
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- Luto e lembranças de uma noite sob o luar de agosto -
Ruge o vento na rua encharcada,
gotas da chuva nas faces úmidas,
densa a névoa de pesar permeada.
Cabeça curvada prevendo ameaça,
o sangue lateja em veias túmidas,
prenúncios no nevoeiro além da vidraça.
Dor constante, um luto persistente,
porém, a tristeza parece diminuir.
Apenas prevendo perigo iminente,
talvez possa o âmago da alma abrir.
Então, fingindo um leve sorrir,
o esgar de maior alegria incapaz.
Deixar-se ir, levantar a cabeça,
aguardando uma mensagem fugaz:
talvez esta noite... algo aconteça!.
Alvíssaras suas numa frase pequena,
traduzindo o sentimento loquaz,
reacendendo a chama ora tão amena.
No aguardo da palavra tanto esperada,
mesmo que aquela hora seja sempre negada.
Ainda que agora se mantenha assim apática,
quede-se ignorando a tudo, tão muda e estática...
Deixarei rugir o vento, a chuva fustigar-me o rosto...
Consola-me aquela noite sob o luar de agosto!
10112016
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" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."