Deixa-me ir
pois partirei sem mediatismos
Quase anónimo
deixando-te à mercê das saudades
há tanto tempo telepáticas
Sem pseudónimo
Apenas nós algemados à osmose
destes versos meus tão excêntricos
e inflamados
Deixa-me ir
sem mais remexer o lamento
que se esgueira mediático
Enfeitar outras tristezas
engolidas no ventre do tempo
autografando infinitas sombras
deslizando no rodapé do silêncio
num Big-Bang quase galático
Deixa-me ir
içar tuas velas
navegar em cada sorriso que
trazes nos olhos
Estilhaçar os silêncios por
onde cantarolei meus versos
agonizando no flagelo da noite
amanhecendo em cada heterónimo
eco aflito da alma
que mais não ouço…pois
clama surda engolindo o silêncio
que meus versos difama
Deixa-me ir
disfarçado no tempo
fotografando os diaporamas
das alegrias e tristezas
experimentando o fel de
um adeus enlutado
e sem mais subtilezas
Deixa-me ir
navegar no marasmo da noite
Abandonar as palavras
indesejadas…ondulando
até remendar a luz que
irrompe na cegueira do tempo
enquanto a noite desafia
a impaciente hora onde afloram
as lágrimas das nossas imensas
saudades…e que saudades !
Deixa-me ir
cumprir a efeméride destes versos
seduzidos
na virtualidade do tempo
Revolver este impaciente desejo
anestesiado pela anatomia
das memórias compiladas na
casualidade de um beijo
aliciante,insolente, veemente
Deixa-me ir
aromatizar a elegância
do teu sorriso
Vestir-te de jasmim
onde um eco se desnuda escandaloso
e os perfumes espelham a sedução
e os desejos deliciando-se fabulosos
Deixa-me ir
num átimo…
feliz, efémero
exímio, num ápice
saltando os destinos
mordiscando o glossário
do tempo peregrino
entrelaçados ao colo dos
desejos tiranos onde aferimos
um sonho sucumbindo
eternamente homónimo e legítimo
FC